Uma entrevista com a alumna Giovana Basso
Quando você se formou na Escola das Nações? Conte-nos um pouco sobre sua história na Escola.
Eu me formei em junho de 2020. E devo dizer que aquele mês foi um período de muitas emoções. Mesmo não tendo uma formatura típica, minhas últimas semanas na Escola foram um turbilhão de emoções, o fim de um ciclo. Entrei para a Escola pouco tempo depois de meu aniversário de seis anos. Então posso dizer que a Escola das Nações fez parte da minha infância e da minha adolescência, além de marcar a minha vida em Brasília.
Do que você mais sente falta da Escola das Nações?
É difícil resumir doze anos de muitos bons-dias para o Afonso em apenas algumas palavras. Sinto falta de tudo, de todas as memórias que fiz na EdN, tanto das boas quanto das ruins. Sinto falta da emoção de acordar todos os dias para ir à escola e conversar com professores e colegas. Mas, acima de tudo, sinto falta do apoio de todos. A minha rotina era falar com a Camila, marcar reunião, conversar com a Cris, a Nery, a Mary... Amava estar conectada com todos e saber que todos me conheciam e apoiavam.
Quais são as melhores lembranças de seu tempo conosco?
Tenho várias! Mas confesso que me lembro mais do meu ensino médio. Lembro-me de ter criado o clube de debate e de teatro, além de ter participado de um festival de teatro amador – ganhamos melhor maquiagem e roteiro original. Lembro-me de cada país que representei nas conferências de simulação da ONU - amei representar os Estados Unidos na Comissão sobre a Situação das Mulheres. Amei mais ainda ter tido a honra de criar o Nations Girl Up. Adorei todas as aulas – mesmo as que não gostava muito – e a relação que tinha com os professores, desde ser monitora do professor França e ajudar a professora Ilza na Feira do Livro, por exemplo. E não posso me esquecer de ter gostado de passar horas na Escola, tanto nas sextas à noite como nos sábados de manhãzinha. Poderia andar pela Escola de olhos fechados.
Qual faculdade você frequenta ou planeja frequentar? Qual é a sua área de formação de interesse?
Da Turma de 2020 da Escola das Nações para Minerva School at KGI. Confesso que não tenho tanta certeza sobre qual curso vou escolher, porém, o mundo é o meu campus e pretendo explorar os quatro cantos do Planeta antes de decidir.
Um grande legado que você deixou para a nossa Escola é o Nations Girl Up. Em suas palavras, o que é Nations Girl Up?
O Nations Girl Up é muito mais do que uma campanha da ONU; é união, possibilidades, ou melhor, a concretização de possibilidades. Juntas, fomos capazes de fazer tantas coisas! Tudo começou quando eu e as outras meninas da diretoria descobrimos que, quando não conversamos sobre algo, este algo, portanto, ‘não existe’. Não há nada mais perigoso e revolucionário do que trocar ideias e experiências. Unimos a Escola enquanto fazíamos campanha para arrecadar absorventes e promover a literatura feminista. A primeira diretoria do clube foi, essencialmente, um grupo de amigas que se tornaram mais próximas ao descobrir que, juntas, podem fazer muito mais. Aprendi também que está tudo bem ser do jeitinho que sou e espero que o clube tenha um pouquinho de mim e das outras meninas.
O que significa para você fazer parte dessa iniciativa? Qual papel você desempenhou no grupo? Sente orgulho e um feeling de accomplishment?
Como fundadora e primeira presidente, o Nations Girl Up me mostrou que é com um pouco de loucura que se muda o mundo, de pouquinho em pouquinho. No começo, éramos o único clube em Brasília; o clube mais próximo estava a três horas de distância, em Goiânia. Não tínhamos muito apoio, porque ninguém sabia o que estávamos fazendo, nem mesmo eu. E foi sem direção que encontramos o nosso rumo. Só de saber que outras meninas continuaram com o clube já é um sentimento de conquista para mim.
Quais são seus sonhos para o Nations Girl Up? Qual é o futuro que você vê para o grupo?
Quero muito que a maior conquista dessas novas meninas seja a amizade, a proximidade. É incrível mudar o mundo, mas é melhor ainda quando você faz isso junto de outras pessoas incríveis, porque se você cresce e melhora, isso já é mudar o mundo. Por que não, então, mudar o mundo daqueles próximos a você?
Você é autora do livro “Adolê Sente: o mundo na perspectiva de uma jovem audaciosa.” Conte um pouquinho para gente do que se trata.
Assim como o Nations Girl Up surgiu da necessidade de conversar e desabafar, eu também precisava fazer isso no âmbito pessoal. Como sempre gostei de escrever, acho que fez muito sentido anotar tudo que se passava na minha vida, tanto fora quanto dentro da Escola. Sim, eu andava com um caderninho verde por aí para não perder nenhum acontecimento ao meu redor. “Adolê Sente: o mundo na perspectiva de uma jovem audaciosa” é composto de 32 crônicas argumentativas, pequenas histórias, sobre temas que permeiam a minha vida como jovem. Mas além de tudo, é um livro para todos os jovens audaciosos que querem se sentir mais confortáveis na própria pele.
O que (ou quem) te inspirou a escrever este livro?
Sempre almejamos ser aquelas pessoas que imaginamos. Mas a boa notícia é que já somos a pessoa que queremos ser. Precisamos apenas ser polidos. Eu precisava escrever o livro que gostaria de ter lido quando era mais jovem. Mas se a minha “juventude” já se foi, a minha irmã mais nova, Giulia Basso do 9B, pode aprender agora o que demorei anos para aprender. Por isso, ela é quem ilustrou o livro, porque “Adolê Sente” é um livro de meninas para meninas (e para meninos também).
Como o seu livro se relaciona com alguns temas e questões atuais que vivemos em nossa sociedade?
“Adolê Sente” trata de minhas experiências como uma menina que quer traçar o próprio destino. Falo sobre como sofri com saúde mental e autoestima, mas também discuto músicas e filmes que me ajudaram a ser quem sou. Ou até sobre temas gerais, como desigualdade social e de gênero ou sustentabilidade. Aliás, muito do que escrevi foi inspirado no que vivi na Escola das Nações.
Onde podemos encontrar seu livro?
Acho que a pergunta correta seria “onde não podemos encontrar o livro?”. “Adolê Sente” está disponível tanto em e-book como em cópia física na Livraria Cultura, na Saraiva, na Martins Fontes, na Livraria Travessa, no site da editora Chiado Books, no Google Play e na Amazon. Mas se quiserem uma cópia autografada, é só falar comigo!
Você acredita que estudar na Escola das Nações a influenciou a ser quem você é hoje? Para ser uma defensora da equidade de gênero? E para escrever seu livro?
Acredito que além de sermos universos desconhecidos prontos para serem explorados, somos também a união de cada pessoa que cruzou nosso caminho. Uma parte de mim sempre será a EdN e todas as pessoas que me ajudaram a ser quem eu sou. Sei que o céu é o meu limite, porque a EdN sempre me apoiou nas minhas “loucuras”. Já ganhei prêmio de teatro, já participei de diversas conferências de modelo diplomático, já criei o primeiro clube da ONU em Brasília, porque o “não” eu já tinha, e a EdN que me deu o “sim”.
Que conselho você daria aos nossos alunos que talvez estejam com medo de expor suas ideias e expressar suas opiniões dentro e fora da Escola?
Sabe aquela característica que o faz ser diferente dos outros? Seja a sua curiosidade, a sua intensidade ou a sua paixão? É ela que faz você ser quem é, então não a esconda! Faça-a se destacar, seja “louco”. O “não” você já tem, mas é você quem se dá o “sim”. Se tiver medo de fazer alguma coisa, vá com medo mesmo. Se as pessoas não acreditam em você, continue até que acreditem. Tudo parece inconcebível até que seja feito. Por isso, saiba qual é sua zona de conforto e descubra um jeito de sair dela todos os dias. Às vezes, temos que ser um pouquinho loucos para fazer o que está na nossa cabeça ser real para os outros.
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