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Projetos de Serviço da EdN - Evoluindo Virtualmente

Na Escola das Nações, acreditamos que a essência de projetos de serviço eficazes e significativos é a conexão humana estabelecida por meio de amizade, empatia e colaboração.


Em 2018, iniciamos um projeto de extensão educacional chamado UNAtions - que significa ‘Unite’ and ‘Nations’ (o nome de nossa Escola). Queríamos ir além das formas pontuais e breves de serviço, como convidar alunos de escolas da região para nosso campus em dias especiais, o que, embora positivo, tem impacto limitado em termos de capacidade transformadora.


Ao longo dos anos, desenvolvemos diversos projetos de atendimento a creches e centros educacionais que operam com recursos e programas educacionais mínimos. Em alguns centros, os alunos passam a maior parte do dia sentados no chão assistindo à televisão. A qualidade do ensino que recebem está abaixo dos padrões pesquisados de Educação Infantil. Ficamos imaginando como poderíamos apoiar esses educadores e outras pessoas em situações semelhantes.


Queríamos que o UNAtions fosse um projeto desenvolvido por educadores para educadores, a fim de que eles pudessem compartilhar conhecimentos, experiências e métodos para promover a aprendizagem, o desenvolvimento das crianças e sua capacidade de contribuir para servir e melhorar a sociedade. Nosso objetivo era trabalhar com poucas escolas e interessados em desenvolver relacionamentos de longo prazo. Todos assumiriam papel mutuamente ativo no desenvolvimento e fortalecimento de ambientes e práticas educacionais para beneficiar as crianças.


Quando fundamos o UNAtions, membros da equipe visitavam as escolas uns dos outros porque ainda não tínhamos imaginado como a colaboração on-line poderia ser poderosa. Ferramentas como o Skype e outras plataformas de comunicação e colaboração on-line já faziam parte de nossas estratégias de comunicação e nos ajudaram a conectar entre uma e outra visita. No entanto, a pandemia exigiu que reformulássemos o modo como colaboramos para continuar trabalhando juntos.


Com a comunicação on-line sendo a única maneira de nos conectarmos durante a pandemia, estamos expandindo nossos recursos de workshops, vídeos e materiais curriculares. Hoje, cumprimos o compromisso de serviço totalmente on-line e aumentamos a capacidade de alcançar outras instituições que possam se beneficiar de nossos projetos de serviço.


Descobrimos que é possível manter, e até fortalecer, nossas conexões com escolas com as quais temos parcerias on-line. Essa modalidade de contato ajudou a construir relações amigáveis baseadas na confiança ao longo do tempo com membros da equipe de outras escolas envolvidas em nosso projeto.


Concordamos, desde o início, que as conversas se concentrariam em questões profissionais e não seriam hierárquicas. Nossa equipe compartilha abertamente aspectos com os quais estamos lutando que sejam relevantes e úteis para as escolas parceiras. Não temos um padrão ou forma prescrita de oferecer desenvolvimento profissional. Nós personalizamos o que compartilhamos de nossos programas escolares, currículos e práticas com base nas necessidades e interesses das escolas parceiras.


Nossa parceria colaborativa mais avançada até agora é com a Escola do Futuro, localizada na área densamente povoada da Zona Leste de Manaus, Amazonas. Essa instituição atende a 400 crianças e adolescentes. A Associação para Desenvolvimento Coesivo da Amazônia, instituição que supervisiona a Escola do Futuro, está localizada em Zumbi dos Palmares, que, como outros bairros da região, enfrenta desafios de infraestrutura, desigualdade social e falta de segurança.


Trabalhando com a Escola do Futuro


Duas de nossas educadoras da Educação Infantil - Meissa Mendes e Diana Alencastro - foram as primeiras voluntárias, que, com sua então coordenadora, Melaney Tinkess, e a Diretora Executiva, Sra. Lisa Perskie, ajudaram a lançar o projeto UNAtions. Quando visitaram Manaus e começaram a trabalhar com os funcionários da Escola do Futuro, foram recebidas por um grupo de educadores entusiasmados e trabalhadores. Inicialmente, a equipe da Escola do Futuro solicitou apoio com conselhos de disciplina e melhores ações para o aprendizado prático.

Nossos professores começaram a trabalhar com pequenos grupos de professores na Escola do Futuro e a oferecer oficinas de Disciplina Positiva. À medida que começaram a observar os professores nas salas de aula, outras questões subjacentes se tornaram visíveis, como a falta de currículo, de compreensão sólida de estratégias de ensino eficazes para envolver os alunos, falta de conhecimento de como planejar unidades de aprendizagem adequadas ao desenvolvimento pedagógico e de compreensão de que o currículo serve como um guia, não uma rotina rígida a ser seguida.


Um aspecto-chave de nossos projetos pelo UNAtions é ‘ler a realidade’ do ambiente escolar e praticar a escuta ativa para entender melhor o cenário da instituição e apoiá-la, priorizando e trabalhando de acordo com as necessidades delas.


Diretora Executiva e equipe da Escola das Nações se reuniram com os administradores da Escola do Futuro para consultar sobre a visão que tinham para crescimento e desenvolvimento da instituição. Ambas as equipes concordaram que todos os setores devem estar envolvidos e precisam se comunicar continuamente para inovar e fazer mudanças pedagógicas de profundo impacto. Em parceria com a direção da Escola do Futuro, avaliamos onde a instituição está no seu desenvolvimento. Estabelecemos metas para alinhar suas práticas à sua visão, e eles construíram um plano estratégico concreto e direto para o desenvolvimento educacional.


Um dos destaques positivos de trabalhar com a Escola do Futuro é a vontade que todos têm de aprender e aplicar mudanças apesar das adversidades. Eles são rápidos para usar a criatividade para resolver problemas.


É comum na região acreditar que uma boa gestão da sala de aula envolve as crianças sentadas em silêncio durante todo o dia letivo. Nossos professores incentivaram os profissionais da Educação Infantil da Escola do Futuro a fazer melhor uso de seus espaços ao ar livre para aprendizagem e usar materiais locais para criar centros de aprendizagem lúdicos e dinâmicos. Juntos, eles construíram uma cabana tropical muito convidativa em sua biblioteca e criaram centros de aprendizagem em salas de aula usando materiais de cores vivas disponíveis na região amazônica. À medida que o aprendizado ativo aumentava, eles viram os problemas disciplinares diminuir drasticamente.


O planejamento com os administradores da Escola do Futuro valeu a pena, pois os professores começaram a ver os benefícios das estratégias que colocaram em prática. O sucesso deles ajudou a prepará-los para aceitar novas metas e tentar mais estratégias. Iniciativas de sucesso são catalisadores potentes de mudanças futuras e são ainda mais críticas em ambientes com escassez de recursos. Queríamos garantir que os professores estivessem executando a estratégia corretamente e que se sentissem seguros.


A Pandemia e a Tecnologia


Manaus foi uma das cidades mais atingidas pela pandemia. O número de mortos foi chocante. Muitas escolas particulares da região com mensalidades baixas foram forçadas a fechar em razão da saída de alunos e professores. A Escola do Futuro perdeu poucas matrículas de alunos e foi capaz de prosperar devido ao trabalho em equipe e à capacidade de responder com rapidez e recursos aos obstáculos que a pandemia trouxe.


Os desafios que enfrentaram com a pandemia, na verdade, aceleraram seu aprendizado, em vez de retê-lo. Nossa coordenadora de Tecnologia Educacional do Ensino Médio, Blenda Batista, fez diversos workshops on-line com a equipe da Escola do Futuro, apresentando-lhes ferramentas e ideias educacionais para envolver os alunos em experiências de aprendizagem profundas, divertidas e significativas. Eles optaram por se concentrar no “voice and choice”, ou poder de escolha e verbalização da opinião dos alunos e professores, aulas virtuais interativas, aprendizagem baseada em investigação e estratégias de gamificação. Os objetivos de cada reunião foram determinados principalmente pelas discussões em reuniões anteriores. Eles avaliavam o sucesso das sessões a cada duas semanas por meio do feedback dos professores e compartilharam como implementaram seus novos conhecimentos em aula.

Gravamos as sessões para que os professores pudessem acessá-las e continuar a se beneficiar delas. Essas sessões levaram os funcionários da Escola do Futuro a criar comunidades de aprendizagem profissional, que fomentaram discussões significativas e iniciativas de pesquisa. Os professores aprendiam sobre uma nova ferramenta, implementavam-na na semana seguinte e compartilhavam seus comentários com os colegas na sessão seguinte.


Dois desafios que enfrentamos foram o pequeno número de plataformas educacionais disponíveis em português e o custo dessas ferramentas. Tivemos que pensar fora da caixa para criar soluções que se encaixassem no contexto deles. O que permitiu nossa colaboração de sucesso nesta iniciativa foi a adesão de professores e administradores da Escola do Futuro.


Depois de algumas sessões, os professores ficaram satisfeitos com o nível de envolvimento dos alunos e usaram a tecnologia para compartilhar exemplos de resultados de aprendizagem conosco.


Ao trabalhar em parceria com outras pessoas, é fundamental construir bom relacionamento desde o início, compartilhando abertamente os objetivos e as dificuldades para que mais pessoas se envolvam na busca de soluções.


Envolvimento dos Alunos


A professora do Ensino Fundamental 1 da Escola das Nações, Ana Paula Serejo, também visitou a Escola do Futuro a fim de apresentar estratégias de desenvolvimento de oficinas de leitura e escrita para pequenos grupos do Ensino Fundamental e Médio. Eles discutiram a importância de abordagens de educação holística que valorizem e envolvam os alunos em sua própria aprendizagem.

O progresso não parou durante a pandemia. Os professores levaram isso para o próximo nível. Antes, estavam trabalhando em como os alunos exibiam seus trabalhos nas salas de aula. Após a pandemia, o foco mudou para a implementação de uma plataforma digital que disponibilizaria muito mais ferramentas e recursos para professores e alunos.


A Escola do Futuro solicitou recentemente amostras do trabalho que fazemos na Escola das Nações, especificamente, como usamos os centros de aprendizagem em sala de aula. Nosso próximo passo é gravar vídeos curtos de professores de diferentes séries usando centros de aprendizagem, o que vai ajudar a conduzir discussões sobre pedagogia e como implementar práticas que promovam a autonomia, o engajamento e o trabalho interdisciplinar.


Learning for Fun


A Escola do Futuro também solicitou contribuições e colaboração on-line para fortalecer seu Programa de Língua Inglesa. Hasti Khoshnammanesh, coordenadora do projeto de serviço estudantil Learning 4 Fun, iniciou discussões com a administração da Escola sobre como os alunos da Escola das Nações poderiam apoiar os alunos da Escola do Futuro. Afinal, nossos alunos já preparam videoaulas para crianças de uma instituição local; por que não compartilhá-las com outras pessoas?


O Projeto Learning 4 Fun da Escola das Nações tem como objetivo ensinar inglês e criar outras atividades pedagógicas para crianças. O projeto foi criado por alunos do Ensino Médio da Escola das Nações como um projeto de serviço. Já estamos no oitavo ano. Hoje, nossos alunos enviam videoaulas semanais para três instituições: Instituto São Judas Tadeu, Creche Monte Moriá e Escola do Futuro. As três instituições publicam as aulas em suas plataformas on-line para os alunos. As três instituições têm parceria com a Escola das Nações há algum tempo e se beneficiaram de nossos projetos de serviço de várias maneiras. As videoaulas seguem temas semanais e revisam o que os alunos aprenderam anteriormente. O Programa tem impactado positivamente as crianças e é admirado pelos pais e funcionários dessas instituições.


Conclusão


Continuaremos a basear nossa abordagem no estabelecimento de parcerias colaborativas, com foco na priorização de metas para melhorar o aprendizado e o bem-estar dos alunos e construir capacidades para ajudar os funcionários das instituições parceiras a se tornarem autônomos na direção de suas instituições no sentido de cumprir suas visões e missões. Temos testemunhado desenvolvimentos promissores antes e durante a pandemia, apesar das limitações de interação on-line. É um desafio construir uma relação de trabalho virtual, mas é possível alcançar resultados encorajadores e um progresso real por meio de relacionamentos e serviços on-line.


Ao trabalhar com as pessoas, nós as encorajamos a buscar maneiras criativas de aplicar o que aprenderam à sua realidade, identificar e usar os recursos disponíveis e trabalhar com sua equipe para promover mudanças internas. Nós os encorajamos a serem solucionadores de problemas e a confiarem em sua capacidade e em suas habilidades para promover a mudança necessária na comunidades por conta própria. Não se trata apenas de dizer às pessoas o que fazer, mas de compartilhar experiências e ouvir ativamente seus problemas - empatia - para que nossas escolas parceiras se tornem cada vez mais confiantes na criação de caminhos viáveis, significativos e, o mais importante, sustentáveis para o crescimento e o desenvolvimento.

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